Dá para perder a fé?
Confesso que não sou muito de assistir TV, mas hoje peguei o controle e comecei a mudar de canal até que parei em um. Exatamente o que você pode estar pensando: canal com notícias "sensacionalistas". Já havia decidido que não iria mais me deter vendo coisas sobre violência ou histórias tristes, mas não consegui mudar ou desligar a televisão.
Quando dei por mim estava chorando e tomada por um sentimento de revolta e indignação. O programa mostrava a história de uma mãe que estava lutando com seu filho pela cura de um câncer raro, mas, ao que tudo indica, foi vítima de um erro médico. Sabemos que erros são "comuns" em todas as áreas e estamos suscetíveis a eles, mas era um erro misturado com pouco caso. As lágrimas rolaram em meu rosto e com elas chegaram também tantos outros pensamentos. Lembrei-me que o MEU IRMÃO fez tratamento neste mesmo hospital, hospital este que também teve, alguns anos atrás, um de seus médicos preso por abusar de seus pequenos pacientes. Lembrei ainda de amigos que se foram, pois não tinha vaga em uma UTI e que em suas últimos dias tiveram que enfrentar uma espera em uma maca no corredor de um hospital. Revolta com a saúde pública? Sim! Mas outras revoltas surgiram...
Revolta por sermos tão coniventes com tudo isto e tão rápidos para brigar com alguém que "pisou em nosso calo" no trânsito, na igreja, na vizinhança, na escola; revolta por ver pessoas que não medem esforços pelos seus ídolos e são omissos com a dor de quem está bem ao lado - digo isto até em relação ao vermos uma pessoa sendo injustiçada e não fazermos nada por medo de acabar "sobrando" para nós; revolta por brigarmos por tão pouco e esquecermos que tem gente lutando, e sozinha, por coisas tão grandes como a saúde de um filho; revolta por trabalhar na área da educação e sentir muitas vezes a força se esvaindo e um sentimento de incapacidade diante da "formação" de um cidadão de bem e candidato a cidadania celestial; revolta por ver prioridades invertidas tanto no investimento do dinheiro público como do nosso tempo e para as coisas que damos afeto; revolta por pensar em fazer algo, mas voltar a inércia por sentir estar sozinha nesta.
Ao me deparar com todos esses pensamentos lembrei-me de que sou cristã. Os questionamentos aumentaram: não deveria eu ser a pessoa que gritasse mais alto por justiça? O que Jesus fez quando esteve aqui? Esteve justamente ao lado dos injustiçados pela sociedade. E quanto a mim?! Situação complicada, não é?! Tudo está um caos e eu nem sei ser quem eu deveria. Hora de perder a fé? Hora de gritar e julgar a Deus por tudo o que está acontecendo e até mesmo pelos meus inúmeros questionamentos?
Poderia até ser, mas mais uma vez Ele chega suavemente ao meu ouvido e me diz o seguinte:
" Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz, no mudo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." João 16:33
Comentários
Postar um comentário