Paixão, amor ou encantamento?

Há alguns anos estava eu em uma rodinha da novidade  em meu primeiro ano lecionando. A rodinha da novidade consistia em alunos contarem como tinha sido seu final de semana. Tudo estava indo bem normal até que uma aluninha conta entusiasmada sobre seu final de semana. Transcreverei a conversa:
Eu: E aí, qual a novidade do final de semana?
Ela: Fui para o shopping com meu namorado.
Eu: Huuuuum... então você namora. Legal! Não está muito nova para isso. Seus pais sabem disso? Ok! Próximo!
Ela: Nãooooo, prô! Tem mais coisa.
Eu: Conte.
Ela: Nos beijamos ☺️.
Eu: Claro! Namorados se beijam, né?! E vocês deram um beijo na bochecha?
Ela: Não, né, prô! Foi na boca. Namorados beijam na boca.

Só esqueci de contar que ela tinha 4 aninhos, era da minha turma do jardim. Pois é, parece que desde muito cedo estamos voltados para os relacionamentos. Talvez essa necessidade por relacionamentos venha de lá do Éden quando Deus disse:
 Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda. Gênesis 2:18
Mas o que deveria ser benção tem sido motivo de dor, mágoas, decepções e frustração para muita gente. Encontramos facilmente alguém que tenha uma experiência romântica nada boa. Meses atrás voltando de viagem, aguardando horário do voo e lendo um livro sobre mulheres, fui interrompida por uma mulher. Embora ela nunca tivesse me visto na vida tomou coragem e me perguntou do que tratava o livro, depois de eu explicar um pouco ela começou a desabafar dizendo que precisava melhorar, pois tinha acabado de sair de um relacionamento conturbado.

Homens, mulheres, jovens, mais velhos estão levando consigo restos de relacionamentos que não deram certo. Às vezes o entulho amoroso se acumula através de décadas. Procura-se causas: será que foi mau hálito, suor, falei besteira, não fui atraente o suficiente? Como gostaria de saber... Atire a primeira pedra quem nunca cogitou fazer uma mesa redonda com o (a) ex e descobrir o problema.

Mas aí que está. Será que não estamos supervalorizando sentimentos?Vivendo em uma comédia romântica hollywoodiana onde tudo dá certo no final, o cara sem graça vira príncipe, você faz muitas besteiras e no final ele atravessa aquela ponte e lhe encontra na casa dos pais no interior de alguma cidade e vivem felizes para sempre? Pois é, o mundo real é um pouco diferente.
Relacionamentos acabam por inúmeros fatores: era só carência, não foi bem aquilo que esperava, mudança de opção sexual... e uma parte sempre sofre. A frase "vida que segue" parece não fazer sentido.
Mas daí cabe uma reflexão: desses relacionamentos mal sucedidos o que era amor, paixão ou encantamento? Talvez hoje você sofra por alguém que nem foi tão profundo assim na sua vida, era mais uma carência, um encantamento pelo que a pessoa era, exercia ou até mesmo pelo que você imaginava que ela poderia se tornar. Faça uma lista desse ou desses relacionamentos que não deram certo, diga com toda sinceridade o que significaram para você. Talvez você perceba que eles chegaram em momento de carência e que você espera muito mais que tudo isso.
Não deixe o seu sonho de amor morrer, não desperdice seu tempo se apegando a alguém que não lhe quer. Não tenha medo de estar só, isso faz tão bem também, o próprio Adão ficou um tempo sozinho. Talvez essa dor não seja amor. Foi paixão, encantamento e esses dois passam. Só deixe isso claro para sua mente e siga em frente.

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